segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A minha cozinha branca

A minha cozinha branca, aos poucos, deixou de ser branca. Pelo menos tão decisiva e definitivamente branca como sempre esteve para ser.

Primeiro, porque o acabamento da madeira que eu escolhi para os armários da cozinha é, supostamente, de um branco pérola, sendo leve a camada de tinta, de modo a verem-se os laivos originais que, entretanto, ao invés de me terem saído acinzentados, sairam-me como que acastanhados, dando agora a aparecer um quase-amarelo que eu cheguei a pressentir na loja, sob o efeito das luzes de halogéneo, mas que à luz do dia desaparecia, voltando a assumir-se branco.

[E ora aqui está uma frase longa só com vírgulas a tomar conta dela!]

Depois temos o revestimento da parede, que é de um mosaico-pastilha feito de mármores diversos, cujos tons, mesclados, oscilam entre o terracota e o rosado, entrecortados por pecinhas de pedra calcária branco-sujo, cor de champanhe, osso, creme, off-white or whatever that is).

Por fim, temos o chão, que evidentemente não é branco (digo “evidentemente” mas nem sei porquê, já que um chão feito de tábuas brancas é algo que habita o lugar das minhas ideias bonitas), e sim castanho acinzentado (ou cinzento acastanhado, que isto das cores que nunca são o que parecem, é só para chatearmos os homens).

Vai daí que talvez as paredes, o tecto e as janelas não sejam já capazes de fazer branca a minha cozinha, de tal forma ela foi ganhando cores nas pequenas coisas que desejei discretas. Portanto, so long white kitchen!

Resta esperar para ver como é que tudo se mistura e se funde. Afinal, as casas têm uma alma própria!

(Cozinhas brancas: uma numa versão bem rústica, que muito aprecio, outra numa tentativa de 'imitação', estilo shabby-chic)